Perguntaram uma vez ao Sócrates, como ele queria morrer. Ele respondeu : Quero morrer em um domingo, e com o Corinthians campeão. Assim quis o destino.
Voltemos ao início do campeonato, nas apostas dos comentaristas cariocas, pais de santo e esses nojentos da imprensa, que colocavam o Corinthians na intermediária da tabela. O favorito era o Cruzeiro, que lutou o tempo todo do lado oposto, sempre pra não cair. Começamos a desbanca-los.
O Timão teve um início arrasador, e sempre se manteve no topo. Os adversários alternavam. O Flamengo ficou na cola, até despencar repentinamente. São Paulo, Botafogo, Inter e Fluminense chegaram a entrar na briga, mas, perderam o gás e a disputa ficou entre Corinthians x Vasco.
O Coringão também teve seus momentos de oscilação. Chegou a ser segundo, mas retomou a liderança.
As chances de disparar rumo ao penta foram enormes, mas, eram desperdiçadas, fazendo do campeonato a emoção de todos os outros que foram parar no Parque São Jorge. Estava pintando o preto no branco.
Na penúltima rodada, o Corinthians foi para Florianópolis, jogar contra o Figueirense, com a chance de ser campeão antecipado, mas, o gol do Vasco no último minuto prorrogou o sofrimento. A decisão ficou mesmo para última rodada, contra o estrume verde.
A imprensa carioca estava convicta do título cruzmaltino, e os antis também, tanto que as piadas vinham de todas as partes, mesmo com o campeonato em andamento.
Do lado alvinegro a expectativa e a ansiedade eram enormes, só não eram maior que a confiança dos corinthianos.
A rapidez do ano, foi compensada com a lentidão da semana. Os minutos pareciam horas, e o jogo parecia não chegar nunca.

O Magrão foi descansar ao lado dos corinthianos que também já não estão mais aqui. O aperto no peito foi enorme, e a motivação maior ainda. Desde o momento que eu vesti meu manto, um filme passava na minha cabeça, falo por mim e creio que por uma boa parte de corinthianos.
Durante o caminho todo, as lembranças do Dr. andava junto com todos nós. A festa estava linda, era mais uma decisão do campeão dos campeões, e a FIEL proporcionava seu espetáculo como sempre, e quem viveu aquilo jamais esquecerá, explicar então ... Impossível ! Era um misto de obsessão, ânsia de ser campeão, amor, paixão, corinthianismo, loucura e tudo que o Corinthians é capaz de despertar.
Como em todos os jogos, tinha corinthianos de todos os tipos, desde os calejados e experientes até os pequenos que estavam estreando o coração condenado a sofrer, e a guardar uma paixão eterna e imensurável. Dava pra ver o brilho nos olhos, de quem estava conhecendo o amor que levará para vida inteira.
Bandeiras alvinegras tremulavam, rojões e cantos de torcidas ecoavam por todos os lugares. Era uma multidão, cada um com o seu ritual pré-jogo. Alguns carregavam terços entrelaçados nos dedos, numa demonstração nítida de fé, essa tão grande a ponto de entregar o amor da nossa vida, nas mãos de Deus.
Festa nenhuma supera essa. Onde desconhecidos confraternizam juntos, se abraçam e se reúnem por um único motivo. Um fenômeno que rompe barreiras e aproxima as pessoas.
A torcida lotou o estádio, como sempre. 40 mil torcedores que gritavam, apoiavam e cantavam incessantemente. Quem acompanhou o Timão durante todo esse tempo, merecia ver de perto o resultado de todo esse fanatismo.
Quando o Corinthians entrou em campo, parecia passar uma história a cada pisar de chuteira no gramado, uma tradição vitoriosa estava em jogo, e junto dela 11 guerreiros que traziam o símbolo do maior clube do país bordado no peito.
Antes de começar o jogo, os jogadores fizeram uma roda no meio do campo, levantaram o braço direito e cerraram o punho, imitando o gesto que virou marca do Dr. Sócrates. A torcida fez o mesmo, e o Pacaembu inteiro dava o seu adeus ao Dr. da bola.

Começa o jogo, e a maioria dos torcedores direcionam seus braços aos céus, pedindo força e proteção, cada um com sua crença, com seus santos de devoção, e até mesmo pedindo ajuda aos ídolos que só estavam presente na alma.
O Corinthians não dava espetáculo, ao contrário da FIEL que tirava o perigo como se estivesse jogando. O palmerdense teve seu momento de felicidade, quando Diego Souza abriu o placar para o Vasco, no Rio de Janeiro. Gol que não calou a torcida, que começou a cantar mais alto.
O Flamengo empatou, mas não influenciou em nada, já que o empate garantia o penta.
Faixas, gritos, provocações merecidas por parte alvinegra. Show de uma nação que se emociona, e emociona os que a veem torcer. Torcedor que faz de tudo pelo clube, esse, motivo de momentos sofridos, e principalmente da maioria dos momentos de felicidade.
Com 5 minutos para acabar o jogo, a FIEL já tinha certeza do PENTACAMPEONATO.
Depois de tantas dúvidas, tantas criticas, tantos sofrimentos, tantos antis secando, torcendo contra, o TIMÃO passou por cima de tudo e de todos.
Só quem vive o CORINTHIANS, só quem sofre junto, quem ama, quem nunca abandona, quem tem no peito o orgulho se ser corinthiano, que vive, respira e tem na alma o corinthianismo, sabia da importância daquele momento.
Muitos, como eu, foram as lágrimas. Era de arrepiar, o espetáculo mais lindo do mundo. Todos comemoravam se abraçando, como velhos conhecidos. Alguns ajoelharam na arquibancada e, mesmo antes do jogo acabar, o Brasil inteiro gritava : É CAMPEÃO, É CAMPEÃO !
Festa da maior torcida do Brasil, o coração de todos os corinthianos estavam no Pacaembu, e depois de tudo nós calamos a boca de todos. O mundo estava "colorido" em preto e branco. O hino do Corinthians era o repertório do universo. Em todos os lugares, praças, ruas, avenidas. O povo comemorava, depois de 38 rodadas o SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA, É PENTACAMPEÃO BRASILEIRO.

Título merecido e incontestável, felicidade de uma nação que nunca desistiu. Que muitas vezes deixou a família em casa, as levou no estádio, enfrentou chuva, sol forte para empurrar o Coringão. Voz, já não sabemos mais o que é isso, essas foram doadas aos jogadores, para motiva-los, para mostrar a eles o real sentimento, e a imensidão que eles estavam representando. Nós corinthianos merecemos, esse grito que estava guardado no peito, e que agora ecoa no país inteiro. Alguns ainda acham que é uma utopia, mas grandes conquistas são feitas de sonhos.
A semente do corinthianismo foi plantada e jamais acabará, isso é a prova de que gerações passarão por esse momento.
Ahhh como eu te amo CORINTHIANS !
Parabéns CORINTHIANS, parabéns GUERREIROS !
Obrigado por tudo, Dr. Sócrates.
* esse foi o post mais esperado, o que eu mais desejava fazer, porém foi o que eu menos consegui me expressar. Peço desculpas, mas esse CORINTHIANS e o que eu vivi é inexplicável. Quem viveu esse momento sabe o que é, quem vive o CORINTHIANS também. Aos que não são corinthianos, eu só lamento.
E a cada dia que passa, o meu amor pelo Timão aumenta mais. Hoje é maior que ontem, e menor que amanhã. A única tristeza é saber que um dia vou embora, e deixar meu coringão aqui. Aos que ficam, que saibam ama-lo, e respeita-lo, assim como nós fazemos.
O Corinthians não é um amor passageiro, é um amor que nós levamos para a vida toda. Eu me prendo a ele, porque quando ele cai, eu vou junto, para depois levantar com ele.
Eu não me abalo nas tristezas, eu tenho certeza que ele me recompensará com o dobro de felicidade, afinal, ele existe.
E que me desculpem os menores de 18, mas, campeão miojo é a puta que pariu. Antis morféticos.
VAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI CORINTHIANS !
Obrigado meu Deus. Valeu São Jorge !
Corinthians 1x0 5ão Paulo - Sócrates
Narração de Osmar Santos