segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

PENTACAMPEÃO pós-jogo


Perguntaram uma vez ao Sócrates, como ele queria morrer. Ele respondeu : Quero morrer em um domingo, e com o Corinthians campeão. Assim quis o destino.
Voltemos ao início do campeonato, nas apostas dos comentaristas cariocas, pais de santo e esses nojentos da imprensa, que colocavam o Corinthians na intermediária da tabela. O favorito era o Cruzeiro, que lutou o tempo todo do lado oposto, sempre pra não cair. Começamos a desbanca-los.
O Timão teve um início arrasador, e sempre se manteve no topo. Os adversários alternavam. O Flamengo ficou na cola, até despencar repentinamente.  São Paulo, Botafogo, Inter e Fluminense chegaram a entrar na briga, mas, perderam o gás e a disputa ficou entre Corinthians x Vasco.
O  Coringão também teve seus momentos de oscilação. Chegou a ser segundo, mas retomou a liderança.
As chances de disparar rumo ao penta foram enormes, mas, eram desperdiçadas, fazendo do campeonato a emoção de todos os outros que foram parar no Parque São Jorge. Estava pintando o preto no branco.
Na penúltima rodada, o Corinthians foi para Florianópolis, jogar contra o Figueirense, com a chance de ser campeão antecipado, mas, o gol do Vasco no último minuto prorrogou o sofrimento. A decisão ficou mesmo para última rodada, contra o estrume verde.
A imprensa carioca estava convicta do título  cruzmaltino, e os antis também, tanto que as piadas vinham de todas as partes, mesmo com o campeonato em andamento.
Do lado alvinegro a expectativa e a ansiedade eram enormes, só não eram maior que  a confiança dos corinthianos.
A rapidez do ano, foi compensada com a lentidão da semana. Os minutos pareciam horas, e o jogo parecia não chegar nunca.
No sábado, só os fortes e os dopados conseguiram ter uma boa noite de sono, e ao acordar, vem a notícia que entristeceu milhares de torcedores, um dos líderes da democracia, um gênio e acima de tudo nosso ídolo foi embora, foi assistir lá de cima, o espetáculo que ele já nos proporcionou muitas vezes aqui em baixo. Dr. Sócrates, faleceu na madrugada de domingo.
O Magrão foi descansar ao lado dos corinthianos que também já não estão mais aqui. O aperto no peito foi enorme, e a motivação maior ainda. Desde o momento que eu vesti meu manto, um filme passava na minha cabeça, falo por mim e creio que por uma boa parte de corinthianos.
Durante o caminho todo, as lembranças do Dr. andava junto com todos nós. A festa estava linda, era mais uma decisão do campeão dos  campeões, e a FIEL proporcionava seu espetáculo como sempre, e quem viveu aquilo jamais esquecerá, explicar então ... Impossível ! Era um misto de obsessão, ânsia de ser campeão, amor, paixão, corinthianismo, loucura e tudo que o Corinthians é capaz de despertar.
Como em todos os jogos, tinha corinthianos de todos os tipos, desde os calejados e experientes até os pequenos que estavam estreando o coração condenado a sofrer, e a guardar uma paixão eterna e imensurável. Dava pra ver o brilho nos olhos, de quem estava conhecendo o amor que levará para vida inteira.
Bandeiras alvinegras tremulavam, rojões e cantos de torcidas ecoavam por todos os lugares. Era uma multidão, cada um com o seu ritual pré-jogo. Alguns carregavam terços entrelaçados nos dedos, numa demonstração nítida de fé, essa tão grande a ponto de entregar o amor da nossa vida, nas mãos de Deus.
Festa nenhuma supera essa. Onde desconhecidos confraternizam juntos, se abraçam e se reúnem por um único motivo. Um fenômeno que rompe barreiras e aproxima as pessoas.
A torcida lotou o estádio, como sempre. 40 mil torcedores que gritavam, apoiavam e cantavam incessantemente. Quem acompanhou o Timão durante todo esse tempo, merecia ver de perto o resultado de todo esse fanatismo.
Quando o Corinthians entrou em campo, parecia passar uma história a cada pisar de chuteira no gramado, uma tradição vitoriosa estava em jogo, e junto dela 11 guerreiros que traziam o símbolo do maior clube do país bordado no peito.
Antes de começar o jogo, os jogadores fizeram uma roda no meio do campo, levantaram o braço direito e cerraram o punho, imitando o gesto que virou marca do Dr. Sócrates. A torcida fez o mesmo, e o Pacaembu inteiro dava o seu adeus ao Dr. da bola.
Um misto de dor, e gratidão tomou conta das arquibancadas. O grito de respeito e reconhecimento, podia ser ouvido a quilômetros de distância. E ao mesmo tempo em que era sepultado, seu nome era gritado. Homenagem em poucas palavras : "É SÓCRATES, É SÓCRATES", na certeza de que ele estava lá, para ver mais um título do todo poderoso. Os pequenos corinthianinhos, passaram a conhecer o ídolo que não está mais aqui, mas estará sempre em nossos corações. Querido por uma nação, é um ciclo que acabou, mas é um história que se perpetuará na memória de todos os corinthianos.
Começa o jogo, e a maioria dos torcedores direcionam seus braços aos céus, pedindo força e proteção, cada um com sua crença, com seus santos de devoção, e até mesmo pedindo ajuda aos ídolos que só estavam presente na alma.
O Corinthians não dava espetáculo, ao contrário da FIEL que tirava o perigo como se estivesse jogando. O palmerdense teve seu momento de felicidade, quando Diego Souza abriu o placar para o Vasco, no Rio de Janeiro. Gol que não calou a torcida, que começou a cantar mais alto.
O Flamengo empatou, mas não influenciou em nada, já que o empate garantia o penta.
Faixas, gritos, provocações merecidas por parte alvinegra. Show de uma nação que se emociona, e emociona os que a veem torcer. Torcedor que faz de tudo pelo clube, esse, motivo de momentos sofridos, e principalmente da maioria dos momentos de felicidade.
Com 5 minutos para acabar o jogo, a FIEL já tinha certeza do PENTACAMPEONATO.
Depois de tantas dúvidas, tantas criticas, tantos sofrimentos, tantos antis secando, torcendo contra, o TIMÃO passou por cima de tudo e de todos.
Só quem vive o CORINTHIANS, só quem sofre junto, quem ama, quem nunca abandona, quem tem no peito o orgulho se ser corinthiano, que vive, respira e tem na alma o corinthianismo, sabia da importância daquele momento.
Muitos, como eu, foram as lágrimas. Era de arrepiar, o espetáculo mais lindo do mundo. Todos comemoravam se abraçando, como velhos conhecidos. Alguns ajoelharam na arquibancada e, mesmo antes do jogo acabar, o Brasil inteiro gritava : É CAMPEÃO, É CAMPEÃO !
Festa da maior torcida do Brasil, o coração de todos os corinthianos estavam no Pacaembu, e depois de tudo  nós calamos a boca de todos. O mundo estava "colorido" em preto e branco. O hino do Corinthians era o repertório do universo. Em todos os lugares, praças, ruas, avenidas. O povo comemorava, depois de 38 rodadas o SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA, É PENTACAMPEÃO BRASILEIRO.
Os que não acreditaram, tem que se curvar diante do gigante, um campeonato conquistado na raça, na luta, no desejo da conquista de um grande sonho. Foram tantos jogos sofridos que ficarão marcados nessa caminhada rumo ao ápice do cenário nacional. Verdadeiras batalhas vencidas, para conquistar a guerra que é o Brasileirão, e escrever mais uma vez o nome do CORINTHIANS na história do campeonato brasileiro.
Título merecido e incontestável, felicidade de uma nação que nunca desistiu. Que muitas vezes deixou a família em casa, as levou no estádio, enfrentou chuva, sol forte para empurrar o Coringão. Voz, já não sabemos mais o que é isso, essas foram doadas aos jogadores, para motiva-los, para mostrar a eles o real sentimento, e a imensidão que eles estavam representando. Nós corinthianos merecemos, esse grito que estava guardado no peito, e que agora  ecoa no país inteiro. Alguns ainda acham que é uma utopia, mas grandes conquistas são feitas de sonhos.
A semente do corinthianismo foi plantada e jamais acabará, isso é a prova de que gerações passarão por esse momento.
Ahhh como eu te amo CORINTHIANS !




Parabéns CORINTHIANS, parabéns GUERREIROS ! 
Obrigado por tudo, Dr. Sócrates. 


* esse foi o post mais esperado, o que eu mais desejava fazer, porém foi o que eu menos consegui me expressar. Peço desculpas, mas esse CORINTHIANS e o que eu vivi é inexplicável. Quem viveu esse momento sabe o que é, quem vive o CORINTHIANS também. Aos que não são corinthianos, eu só lamento.
E a cada dia que passa, o meu amor pelo Timão aumenta mais. Hoje é maior que ontem, e menor que amanhã. A única tristeza é saber que um dia vou embora, e deixar meu coringão aqui. Aos que ficam, que saibam ama-lo, e respeita-lo, assim como nós fazemos.
O Corinthians não é um amor passageiro, é um amor que nós levamos para a vida toda. Eu me prendo a ele, porque quando ele cai, eu vou junto, para depois levantar com ele.
Eu não me abalo nas tristezas, eu tenho certeza que ele me recompensará com o dobro de felicidade, afinal, ele existe.
E que me desculpem os menores de 18, mas, campeão miojo é a puta que pariu. Antis morféticos.
VAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI CORINTHIANS ! 

Obrigado meu Deus. Valeu São Jorge ! 







Corinthians 1x0 5ão Paulo - Sócrates 
Narração de Osmar Santos